29 abril 2007

Cortem-lhe a cabeça!

Duas semanas de solidão em casa e um sono profundo, uma vontade de tirar um cochilo a cada 3 horas. Tento me entreter com um pouco de trabalho (não muito), livros e filmes. Muitos dos livros da estante são meus, chegam em caixas com imagens das praias brasileiras. Pesco as obras completas do Lewis Carroll, pensando em ler algum dos outros romances que não conheço. Quando dou por mim Alice já saiu da toca do coelho, e percebo que eu não lembrava de nada desta estória. Ok, sabe-se mais ou menos o enredo, mas tudo é novo. E então paro para pensar nisso. Em como assustadoramente inútil é minha memória. Semana passada estava relendo uns contos da Clarice Lispector. Alguns eu lembrava mais ou menos o enredo, outros no meio me vinha “ah é, elas vão matar o marido”, mas a maioria era como se eu nunca tivesse visto mais gordo. O mesmo tem acontecido com filmes. Na falta de TV, amigos copiam filmes que vêm parar no meu computador. Tudo sem legenda, tudo com som em inglês incompreensível, mas sobrevivo. Revi Magnólia um dia destes e odiei. Mas acho que gostei quando assisti na época, acho que gostei muito. Lembrava só que tinha uma chuva de sapo, o resto foi totalmente inédito e insuportável. Eternal Sunshine of the Spotless Mind e Quero ser John Malkovich eu continuo gostando, mas em ambos os casos foi como se tivesse assistido enquanto dormia, a maior parte das cenas eu não lembrava nadica de nada. Bizarrices somente minhas ou isto é normal?