14 maio 2007

um figo debaixo do edredon

Grávida é assim: piscou o olho, deu mole, pegou malária. Por isso agora essa é minha grande desculpa para não fazer viagens de campo. Eu adoro viajar, passar uns dias nas vilas, não entender nada do que as pessoas falam, comer oshifima com a mão e me embebedar de oshikundu. Mas, convenhamos, está tudo tão confortável aqui em casa, aquecedor a gás, bolsinha de água quente nos pés, noddles com tofu. Mais uma caixa com fotos das praias brasileiras chegaram e livros que eu nem me lembrava que faziam parte da minha coleção preciosa, incluindo Borges e Hobsbawm. A casa me pede pra ficar. Porém, sendo quem eu sou, preciso me lembrar toda hora dos reais motivos para não viajar e, então, não me sentir culpada com os pequenos luxos de minha caverna. Além disso, completados 3 meses, eu ainda estou terrivelmente enjoada. Já bem melhor do que antes, verdade seja dita... digamos que agora, para um dia ótimo, daqueles em que você, de repente, se tornou “radiante”, tem 2 em que eu gasto um razoável tempo com a cara na privada (cena ruim de se descrever, pior ainda de se vivenciar). Mas não posso reclamar da vida. Tem um ser dentro de mim que agora é do tamanho de um figo, cobrindo a palma da mão. Nunca pensei que olhar para a palma da minha mão um dia me traria tanta emoção e sorriso no rosto. No quentinho do meu edredon, a emoção é ainda melhor.