10 março 2008

viver para crer

Do lado de lá está Angola. Do lado de cá, nós, de cara para o rio Okavango. Muitos mosquitos, Julia sempre debaixo da rede mosquiteira e lambuzada de Zanza No!. Os dias se dividem em função dos projetos que visitamos. Algumas organizações estão há 140km de distância, outras do nosso lado. Entre uma visita e outra, as viagens de carro são verdadeiras salas de reunião. Me atualizo da vida profissional, coisa que nem lembrava muito bem como que acontecia. Aos poucos entendemos sobre nosso trabalho, o que existe de potencial para melhora, o que não dá certo mesmo, o que gera bons resultados, parcerias novas, parcerias que era melhor nem termos feito. No meio disto tudo, crianças e mulheres que cantam. Em cada visita, Julia some nos braços alheios, e só volta quando a fome lhe avisa que mamãe precisa parar de trabalhar com os outros para trabalhar para ela. E assim o é, sem grandes dramas--tudo a seu tempo. Não viajava para trabalho de campo desde abril do ano passado, e sabe que tinha até me esquecido. Mas estar aqui deixa tudo claro, claríssimo até--todas as razões por trás da vida que escolhemos (e todas as dificuldades também). É como aquilo que se diz: precisa viver para crer.

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