Mudamos de escritório no final da semana passada e os últimos dias foram de internet capenga, em pé no corredor com o cabo do laptop ultrapassando a sala inteira. Agora a situação ainda não está, digamos, 100%, mas vamo-que-vamo.
A novidade que eu ainda não posso dar mas já posso instigar (Ô ansiedade!) é que tudo indica que me mudarei de país novamente em 2 meses... felicidade total, expectativa total, geléia geral.
Além do furacão da mudança e bastante trabalho, os últimos dias têm sido também de total concentração para o paper que estou preparando para a conferência sobre Gênero, Transporte e Desenvolvimento. O tipo de sarna que não sei por que cargas d’água arranjei pra me coçar. E agora eles aceitaram o abstract e o paper tem que ser enviado logo-logo-já. Ou seja, me desespero, arranco os cabelos, ando pelo quarto de um lado para o outro, tento me encontrar no meio de mil papéis e livros abertos na minha frente. Reclamo mas adoro. Um horror.
No meio disso me deparo com o Índice de Equidade de Gênero do PNUD, e heis o dado catastrófico sobre a atual situação da mulher do mundo: nenhum país do mundo (nenhum mesmo) trata as mulheres da mesma forma que trata os homens. Fico pensando no que isso significa, de fato... alguns números (e ai-meu-deus, como ler para além deles?):
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More than 60% of the world’s poor are women.
Half a million women a year die from complications that arise in pregnancy and childbirth.
The risk of death resulting from pregnancy is 180 times greater for a woman in Africa than for one in Western Europe.
In developing countries only 50% of births are attended by trained personnel and the figure drops to just 2% in some regions of Sub-Saharan Africa.
Each year between 3 and 4 million women are the victims of violence worldwide.
In the United States there is one physical attack on a woman every 15 seconds, and the perpetrator is usually her husband.
In India between 18% and 45% of married men admit that they have mistreated their wives.
Two thirds of the adults in the world who are illiterate are women.
In some regions the rates for women in paid employment have hardly risen at all since 1990, and almost everywhere they are lower than the rates for men.
In most of the regions of the world women are still seriously under-represented in national parliaments.
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É nessas horas que eu penso que bom mesmo seria o mundo explodir e começar tudo de novo. Será que o curso da história seria muito diferente?
Um comentário:
Às vezes não se tem muito a dizer. Em psicanálise dizemos que 'é o real', ou seja, ainda não há saber sobre isso mas algo insiste como uma questão. Também se diz que as mulheres estão mais próximas do real, são até amigas dele porque suportam melhor o enigma que a vida nos traz. Vc está bem diante dessa esquina entre o que há e o que se pode saber/escrever.
De minha parte, não creio que poderia haver um mundo re-escrito do zero e que, então, funcionasse inteligentemente. Isso é pensar em um saber pré-existente à construção humana. Agora que precisamos a cada dia re-escrever o mundo, isso sim, precisamos.
E por falar de escrita, de traço diferencial, estúpido mas necessário, como o H de homem (oh meu! faria falta se fossem 'omem'?) acho que a palavra 'eis' e sem H. A conferir.
Beijos,
H-eloisa.
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