11 julho 2006

ah, os alemães…

Ainda estou no clima férias—ou o mais longe possível do computador— mas preciso dizer algumas coisas sobre minha nova vida.

Primeiro de tudo, minha casa nova é uma delícia! Tem lareira, jardim imenso, pé de laranja, limão, manjericão, tomate e todas as coisas verdinhas deliciosas para cozinhar. Tem um quarto do tamanho do meu cafofo todo em Maputo, banheira, um segundo quarto por enquanto de entulhos, uma bicicleta linda, uma bicicleta daquelas duplas (chama-se tandem) e, além de tudo, um australiano que é algo de fantástico. Tô no clima borboletas, arco-íris e balões de coração, numa onda tudo de mais de cafona e lindo que se pode querer. Melhor tratamento para pele, im-pos-sí-vel!

Agora Windhoek. Windhoek é estranho, ainda estou a me acostumar. Basicamente, ando tomada pela mania de comparações, do tipo “em Maputo tem mais gente na rua”, ou “aqui é tudo mais limpo”, “em Maputo as pessoas são mais simpáticas”, ou “aqui a vida é mais fácil”, e toda a sorte de comparações bobas que se pode fazer. Fiz muito isso com Rio versus Londres versus Maputo. É um ciclo vicioso, admito. Mas fazer o quê? Acho que é a forma mais fácil de se encontrar num lugar, de se identificar, ou de pelo menos encontrar algum ponto de referência. O mais difícil tem sido me lembrar o nome das ruas, já que a maior parte é em alemão ou africâner, ou pelo menos se escreve como tal (minha rua seria muito mais fácil se apenas “de Villiers street” ao invés de alternadamente “de villierstraat” ou “de villierstrasse”). Ah, e claro, mais uma comparação básica: como em Maputo, várias ruas tem nomes de figurões como Nelson Mandela (tá, esse bem óbvio), Sam Nujoma (“The Founding Father of Namibia”, titulação aprovada em lei!!) Hosea Kutako, Robert Mugabe, Fidel Castro...

Mas a verdade é que a comparação mais óbvia eu meio que já sabia. E é a razão de tudo: a colonização aqui foi alemã, o que gera um resultado muuuito diferente da colonização portuguesa. A presença dos africâners, no entanto, é porque para quem não sabe (sem drama, eu não sabia até alguns meses atrás) até 1990 Namíbia era oficialmente South West Africa, e funcionava apenas como que um protetorado da África do Sul. Isso desde a Primeira Guerra, quando a Alemanha perdeu sua colônia. Então a influência aqui não é somente alemã, mas o german lifestyle ainda é muito bem definido. O ponto positivo é poder comprar pães, frios e queijos como se estivesse em Berlin (aquela variedade de dar água na boca). O ponto negativo... bem, ainda não sei qual é, pois acho que tudo que me vem a mente é um monte de preconceitos bobos que preciso aprender a lidar. Mas admito que ainda acho os alemães meio estranhos...

Por ora, é só. A vista aqui é linda para todos os lados, prometo fotos em breve. Esta semana ainda estou na moleza férias/adaptação.

4 comentários:

opiniática disse...

Cê sabe que eu te adimiro muuuito?! Tenho muito orgulho de ser sua amiga.

BJs e saudades!! Setembro ta chegando! Viva!

Anônimo disse...

Clarisse, que bacana saber de vc aí neste meio do mundo!! E fazendo tudo isto que vc tem feito. Li seu blog de cabo a rabo. Que maneiro!!! Vc ainda vai ser ministra!! Imagino que a vida faça mais sentido desaprendendo tudo que vc está desaprendendo por aí. É tudo transitório mesmo. Beijos e boa sorte sempre

Anônimo disse...

Oi Clá,
Chego do meu congresso em Roma. Tantos monumentos mais antigos que nosso calendário. Senti-me como um mosquito que vive algumas horas apenas e nasce num mundo em que já rola um progama há tempos!
Mas no programa há algo do mesmo!
Leio seu blog da Namíbia, vejo as fotos de sua irmã em San Diego e me espanto como esses mundos são tornados prosaicos pelo alcance de nossos dedos em teclados, computadores palmers, fotos digitais, etc.
Visitei o Coliseu: o maior e mais antigo circo de torturas conhecido. Nele, leões comiam cristãos, mas... esmera-se o guia em ser imparcial, porque eram vistos como criminosos: os romanos não eram cruéis. Só matavam os inimigos, os criminosos, os bárbaros (tudo o que não era romano).
Depois vi o museu do vaticano: luxo enjoativo. Os cristão afinal se deram bem e seu poder acumulou imensas riquezas. Sabemos que às custas de tantos outros e é bom lembrar que promoveram as inquisições e saquearam a prata e o ouro das Américas.
No aeroporto de volta faço conexão em Paris. Uma mãe precisa obrigar sua filhinha de uns 3 anos, que chorava, a descer de seu colo e atravessar sozinha aquela máquina de detectar metais. Teria sido pela sua cor? E olha que ela tinha passaporte da União Européia.
Nos telões de notícias lê-se sobre Israel e seu bombardeio.
Mas, no vôo, ao meu lado, uma moça jovem, de traços orientais falava no seu celular um inglês perfeito e assim, casualmente dizia: então nos vemos no sábado, agora preciso desligar o celular porque estou num vôo saindo de Paris para o Rio de Janeiro. Seu tom era de quem ia ali e voltava logo. Seu rosto tão mesmo oriental, seu sapato tão mesmo tênis. Seu palmer um microcomputador. Seu ar tão globalizado!
Fico contente que vc esteja procurando as diferenças e comparando. Por que não? Se não houver diferenças o que há?
E que sejam para ser celebradas com a curiosidade infantil que compartilhamos de espiar o mundo.
Sem expiações. É claro!
Bjs, sua mãe.

Anônimo disse...

Prima!!!
Estou muito feliz em saber que sua vida está tão rica em termos de felicidade!
A sua casinha então ... lareira, jardim ... vou falar como o Gabriel qdo o avião em que estava pouso em Natal ... UAAAU!
Bjim
Liv(...e setembro se aproxima!)