21 maio 2007

apaixonada aos 17 anos


A estória de Du'a Khalil Aswad é apenas uma entre as milhares que acontecem, diariamente, em nome da honra. Honra, este estranho elemento cultural, regido por códigos e costumes fabricados por poucos para acorrentar a vida de muitos. Geralmente*, estórias como apedrejamento de mulheres, mutilação genital, casamentos de crianças e o eterno silenciar de mulheres estão longe da gente e, portanto, nos deixamos não pensar nelas. Nos deixamos, e assim seguimos a vida, na nossa batalha íntima, diária e individual. Sem culpa. Mas hoje, lendo sobre Du'a Khalil, soube que ela tinha 17 anos e seu destino foi marcado porque ela se apaixonou por um rapaz de fora de seu grupo, sua religião, sua família. Foi morta a pedras, no meio da rua, semi-nua porque se apaixonou aos 17 anos. Eu já tive 17 anos, e honestamente não sei quantas vezes me apaixonei antes e depois disso. Fora todas as questões éticas e humanitárias envolvidas no caso, o simples fato de me identificar com Du'a Khalil faz com que eu não pare de pensar nela, em mim, e em todas nós.


*Digo geralmente mas óbvio que isso não quer dizer que ignoro todas as formas estúpidas e desumanas de violência contra a mulher no Brasil.