03 junho 2007

fauna e flora doméstica

Os cachorros latem, latem, e as crianças na rua jogam pedras. Gritamos pela janela "se jogar de novo, vou falar com seus pais", mas dá vontade de falar "se jogar de novo, vou jogar de volta na sua cabeça". Maldade? Eles respondem em afrikaans, e eu fico sem saber se foi resposta de abuso, medo, desculpa ou falta de educação.

Os passarinhos, todo dia, fazem festa no prato que colocamos na frente da janela da cozinha. Buscamos rapidamente o livro de pássaros da África sub-Saariana para identificar a espécie. Vez ou outra usamos o binóculo. A maioria das vezes não achamos, por total inabilidade, e decretamos descoberta de nova espécie. Quando temos sucesso, eu não consigo memorizar o nome por mais de um dia pois é tudo em inglês e eu me perco nas referências. O único que lembro é um tal de bul-bul.

Metade do jardim dá frutos, muita tangerina, goiaba, grapefruit, tomates grandes e pequeninos, rúcula, manjericão, coentro. Outra metade morre de secura, as chuvas já passaram e o jardineiro aparece quando bem lhe entende. O pé de maracujá adoeceu, não sabemos a razão.

Os cachorros comeram todo o mahangu que plantamos, os passarinhos ficam com os restos de pão, os pombos comem a ração dos cachorros. De tempos em tempos os cachorros nos deixam camundongos do mato de presente na porta da cozinha. O jardim é cheio de lagartos de tamanhos diferentes e dentro da casa todos os cômodos tem aranhas cativas. São aranhas de parede, não fazem mal a ninguém, mas não quer dizer que eu gosto.

Eu me delicio com panquecas no café da manhã de domingo. Além de muita melancia e mamão que são desejos de grávida, junto com sorvete de flocos, que só ontem eu descobri onde vende.