21 junho 2007

Guerra muda

Mulher engravida resultado de estupro. Cinco anos depois, juiz de família ordena que ela facilite o acesso do pai à criança. A decisão é de que a mãe tem 2 semanas para explicar ao filho que o pai existe; está proibida de expressar sentimentos hostis contra o pai; e proibida também de revelar que a gravidez foi resultado de estupro. Caso contrário, constitui-se caso de abuso emocional e a criança pode ser retirada de sua tutela.

Sabe onde? Na Irlanda. Você achou que era no Oriente Médio? Eu também.

Está aqui o artigo que fala de violência contra a mulher (tópico onipresente em TODOS os países), e se intitula “If it were between countries, we'd call it a war”. Achei o título adequadíssimo. Mas a guerra não é entre países, e por isso fazemos de conta que homem e mulheres vivem na santa paz. Talvez a mulher acima mencionada possa nos contar um pouco desta paz. Ou as mulheres apedrejadas. Ou as mulheres com a face deformada de ácido. Ou as mulheres caladas para sempre. Ou as mulheres que aguentam diariamente o marido exigindo tudo--dedicação, amor, corpo, dinheiro, vida--sem dar nada em troca.

Sem comentários.