no batente das brumas

Na sexta foi dia de vacina, três injeções na minha bonequinha, e eu quase chorei junto. Mas a Julia agora é só sorrisos. E squeals in delight. Olha vidrada para móbiles, quadros, a girafa gigante e alguns dos seus bichinhos preferidos. O Michael faz teatrinho com o cachorrinho, e quando faz au-au ela se mexe toda, joga as pernas pro alto e estica a mão para tocar no bicho. Uma coisa deliciosa acompanhar o desenvolvimento de cada dia. Cada minuto uma coisa nova, a gente descobrindo as descobertas dela. No banho o momento predileto é no final, quando tiramos o colchãozinho de banheira e ela curte o floating time. Já está descobrindo que água faz splash, as próximas semanas prometem. E quando eu começo a cantar "Como pode um peixe vivo..." ela já sabe, banheirinha! Se tiver chorando, pára na hora. Se tiver brincando, olha pra mim e mexe as pernocas. Uma coooisa. Férias de fim de ano acabaram e hoje Michael voltou ao batente. Meu batente continua o mesmo, ciclos ciclos ciclos. Eu e Julia, Julia e eu. Após a primeiríssima e breve mamada da manhã, dormimos juntas até umas 7:30hs, quando finalmente acordamos para o dia. A lavação de fraldas é diária (nuns dias Maria, noutros eu - mas vou dizer, maravilhosa a decisão de usar fraldas de pano! Agora nem mais na hora de ir pra rua colocamos as descartáveis-eca-ti-nojo. É fraldão toda hora). Na hora de molhar as plantas, Julia me acompanha sentadinha no sling. Eu de mamãe-canguru, ela vidrada na árvores. De manhã e de tarde temos a brincadeira de parquinho na camona, sem fralda, só com bichinhos e musiquinha. Entre as brincadeiras, ela mama e cochila, eu como e cochilo. O dia todo assim, envolto nas tais das brumas. Para ainda manter uma conexão com o mundo fora da bolha, retomei minha leitura do Long Walk to Freedom, autobiografia do Mandela que eu havia começado há um tempão e parado. Agora não consigo mais parar. Apesar de bem pesado, é muito linda a história de um homem que ousou tanto, possibilitando um futuro mais digno para a humanidade. Impressiona e dá sentido à vida como um todo. Um belo contraponto às brumas.