Ouvir Jorge Benjor enquanto se prepara a salada do almoço é consolo. Que nem fechar os olhos e imaginar pessoas queridíssimas dançando animadas com uma latinha de cerveja na mão. Lembrar de amigos e de festas e de Jorge Benjor exige muito consolo. Dançar na cozinha enquanto os cachorros te olham com cara de incógnita funciona. Cantar alto também.
Saber que amigas saem pra tomar uma cerveja e acabam quase de manhã num porre de felicidade exige consolo, porque você queria muito estar lá. Muito. Mas consola pensar que a vida ainda tem muito a dar. Planejar um pouco do futuro incerto é consolo que ameniza.
A semana foi de bons consolos, não há muito do que reclamar. Foi uma semana de formalidades também, encontros com três financiadores diferentes, cada um com suas peculiaridades e perguntas sobre projetos, gestão financeira e beneficiários. Mas ter financiadores na vida que escolhi é consolo que alivia. Ter financiadores e dançar Jorge Benjor na cozinha com a barriga exposta é consolo que se completa.
Porque é preciso ter consolo quando não se tem goiabada com requeijão. Ou catupiry. Ou queijo minas. É preciso consolo também quando você sente saudade das suas irmãs, do pai, da mãe, da tia. Da família toda que, com sua idiossincrasia, faz a ausência virar urgência de consolo. Mas é consolo que conforta quando você está na rede lendo seu Orlando e vem aquele titilar da coleira da Tila seguida de lambidinhas no dedo do pé.
Oito livros de gravidez e bebês também servem de consolo. Chegaram esta semana, e eu me delicio a cada página. E entro na paranóia também—o que eu deveria estar comendo, a posição de dormir, a câimbra na perna. Dá medo e paranóia mas sentir a barriga grande é consolo inexplicável que só metade da população do mundo pode entender.
Receber encomenda de sogra também serve de consolo. Vergimite e outras gostosuras australianas. E ganhar sapatinhos de crochê feitos pela mulher do Embaixador. Isso é consolo chique.
E finalmente encomendar as tais das alianças. Consolo que te faz olhar pra frente.
Amar e ser amado. Ter barriga grande. Dançar na cozinha ao som de Jorge Benjor. Lambida de cachorros. Torrada com Vergimite. Alianças. Livros. Lembrar do passado que passou muito rápido. Viver o presente que é surpresa diária. Imaginar o futuro que envolve três continentes. É tudo consolo do bom. Tudo pra me fazer esquecer da saudade. E da distância. E das pessoas.
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5 comentários:
teu blog é um dos mais lindos que (sempre) leio. só pouco comento...
é maravilhoso poder ler a tua trajetória aí, os (des)caminhos, as construções. é de uma grandeza inexplicável tu dividires isso com anônimos leitores - pessoas sem rosto mas, certamente com muito coração.
tenho certeza que teu filho ou filha será muito feliz - tem uma mãe muito bacana, isso já é meio caminho andado. ;)
beijocas.
me consolo ao entrar em blogs, ver fotos, tentar descobrir o tamanho a barriga da sua irma, planejamentos de viagens, e com certeza escutar uma musica bem brasileira, no meu i pod claro....
Mtas saudades, temos q ter MUITO consolo!!!!
Quero fotosssssssssss
bjus
te amo!
Comentário atrasado, mas é impossível ficar sem me pronunciar.
Sinto-me orgulhosíssima de fazer parte das suas saudades!
Durante a bebedeira você esteve sempre presente!
Muuuitas saudades daqui para ai também.
Passa. Passa rápido demais!
Imagine que antes de Jorge ser Benjor era apenas Jorge Ben e cantava: Chove chuvaaa... chove sem paraaaa!
Pois eu tinha uns 14 aninhos.
Uma década depois minha barriga cresceu assim, magnífica como a sua, e eis que nascia a futura cidadã mundial Clarisse Cunha... almost Linke!
É uma covardia. Tudo de bom e passa rápido demais.
Bjs, H.
Saudades abissais!
Oi Cla, to lendo alguns posts antigos seus. Poxa, vc escreve de uma maneira que me emociona muito.
mil beijos,
Nina
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